Assembleia de Deus

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sábado, 23 de dezembro de 2017

Biografia de Orlando Spencer Boyer - herói da fé








Orlando Spencer Boyer nasceu em Bedford, Iowa, EUA, em 5 de março de 1893, casou-se em 15 de março de 1914 com a senhorita Ethel Beebe, que durante 53 anos foi sua incansável companheira na obra do Senhor, e com quem teve um filho e uma filha, hoje residentes nos EUA.
Sua Conversão
Boyer contava 12 anos de idade quando o sofrimento e o falecimento de sua avó o levaram a preocupar-se com o seu próprio destino após a morte. Um pensamento o atormentava: "Onde vou passar a eternidade?" Apesar de seus pais serem crentes, de ele próprio ir a igreja e participar dos cultos domésticos, não tinha certeza da salvação, até que, num domingo, ele aceitou Jesus como seu Salvador. Aos 16 anos voltou a ser atormentado pelas dúvidas, mas, na Epístola aos Hebreus, encontrou a resposta para suas angustiantes perguntas concernentes à esperança de salvação: "A qual temos por âncora da alma, segura e firme, e que penetra além do véu" (Hebreus 16.9). Estas experiências levaram-no a escrever, 40 anos depois, o livro Âncora da Alma, com o objetivo de dirimir dúvidas e inspirar fé e confiança na alma dos leitores.
A Vinda para o Brasil
Em 1927, o casal Boyer, enviados pelo Conselho de Missionários da Igreja de Cristo, da qual eram membros, chegou ao Brasil com a missão de evangelizar e implantar igrejas onde ainda não houvesse trabalho evangélico. Seu primeiro campos de trabalho foi em Pernambuco, e ali o casal permaneceu um ano aprendendo a língua portuguesa, indo depois para Mata Grande, Alagoas. Ao longo de quatro anos Boyer desbravou o sertão alagoano implantando pontos de evangelização em vários lugares.
Em 1932, Boyer e sua esposa foram para Sobral, no Ceará. Naquela época não havia trabalho evangélico naquela cidade, o catolicismo predominava, e o padre local tentando obstar a penetração do Evangelho nos seus domínios, incitou o povo contra os missionários. Boyer relatou anos depois que a recepção naquele lugar foi tremendamente inóspita; cerca de 3.000 pessoas reuniram-se em frente a pensão, onde os missionários estavam hospedados, ameaçando-os de linchamento se não saíssem da cidade. Os irmãos foram salvos da ira do sacerdote romano e d população graças a ação decidida e enérgica do comandante do destacamento de polícia naquela cidade, que dispensou os desordeiros. Dali foram para Ipu, onde foram apedrejados por um grupo de moradores, sob a liderança do padre local e das freiras (sempre eles). O episódio é narrado assim no livro Histórias das Assembléias de Deus no Brasil , 2ª edição, 1982, página 139: "À noite, apagaram as luzes da cidade e a multidão, enfurecida, reuniu-se na praça principal, pronta para investir contra o portador das boas novas pentecostais. Entretanto, o mesmo oficial que o protegeu em Sobral, avisado com antecedência, dirigiu-se para Ipu e, com a mesma bravura, fez recuar padre, Freitas e desordeiros, nada acrescentando ao enviado de Deus". Assim foi em Cratéus, Camociim e outros lugares. Era a mão de Deus livrando e guardando seus servos da fúria de Satanás (Sl 121; Mt 28.19,20). Seu esforço pioneiro no Ceará resultou na evangelização e abertura de trabalhos em 14 localidades ao longo da via férrea.
O Encontro com o Lampião
A vida de Boyer, tal como a do apóstolo Paulo, correu perigo inúmeras vezes, tando, até, de pagar um resgate de 236$000 (duzentos e trrinta e seis mil réis) para que Lampião, o rei do cangaço, que então implantava o terror nas caatingas do Nordeste, libertasse Virgílio Schimidt e sua esposa, missionários que trabalhavam com ele. Lampião achou que a quantia oferecida por Boyer era pequena, exigia cinco contos de reis, mais Boyer falou do amor de Cristo ao cangaceiro, que não lhe fez mal algum, libertou os missionários e os deixou seguir em paz, restituindo-lhes os 236$000 e mais 109$000 (cento e nove réis) do próprio bolso para ajudar nas despesas (MP 1090, 2ª quinzena de abril de 1978, página 5). Teria a semente do Evangelho germinado em alguns daqueles corações emperdenidos? Cremos que sim, a Palavra de Deus não é pregada em vão (Is 55.11). Com certeza o Senhor honrou o trabalho e o sacrifício do seu servo, que com desapego à própria vida enfrentou com denodo os ataques de Satanás, de homens e feras nos sertões do Nordeste.
A Volta aos Estados Unidos e o Batismo com o Espírito Santo
E maio de 1935, comovidos com o testemunho dos missionários Virgil Smith e Bernhard Johnson sobre a experiência do batismo com o Espírito Santo, Boyer e sua esposa voltaram aos Estados Unidos, onde durante uma reunião de oração, em Oklahoma, a irmã Ethel foi batizada com o Espírito Santo. Pouco depois, na igreja em Peoria, Tulsa, Boyer foi também selado com o Espírito da Promessa. A partir de então, filiaram-se à Assembléia de Deus em Oklahoma, cujo Departamento de Missões os enviou de volta ao Brasil, em dezembro daquele mesmo ano.
Retomando o Trabalho do Brasil
Em 1938, encontramo-lo pastoreando o trabalho da Assembléia de Deus em Camocim, conforme relato do pastor José Teixeira Rego, no MP da 2ª quinzena de julho de 1938, página 7. Ainda no MP da primeira quinzena de agosto de 1938, página 7, Boyer aparece em uma foto com um grupo de irmãos na AD em Ipiaba, Ceará. Nesse Estado ele trabalhou 10 anos, de 1932 a 1942, indo então para Santa Catarina, onde permaneceu por 3 anos. Ali, aconselhado por J.P.Kolenda, iniciou sua carreira como escritor, publicando seu primeiro livro Esforça-te para Ganhar Almas.
Boyer e a Literatura
Orlando Boyer era versátil, possuía grande cabedal cultural. Além de eloqüente pregador, seus sermões elevavam os ouvintes e a glória de Deus descia sobre a igreja onde pregava, era também excelente professor, sendo, por isso, muito solicitado para pregar e ministrar estudos bíblicos nas igrejas. Seus dotes de escritor foram também colocados a serviço de Deus, e ele deixou um valioso acervo de obras teológicas de sua autoria, 17 livros, e 115 traduzidas para o inglês, em uma época em que os recursos técnicos e humanos, nessa área, eram escassos no Brasil. De suas obras destacam-se Âncora da Alma, Pequena Enciclopédia Bíblica, Espada Cortante (dois volumes), Esforça-te para Ganhar Almas, Daniel Fala Hoje, Visão de Patmos e Heróis da Fé.
Boyer e a CPAD
Em 1945, Boyer mudou-se para o Rio de Janeiro, atendendo o convite para trabalhar na CPAD, na época, situada na Rua São Luiz Gonzaga 1951, como comentarista das lições bíblicas da Escola Dominical. Ali iniciou sua vasta contribuição à literatura das Assembléias de Deus no Brasil, comentando lições bíblicas do segundo semestre de 1946, com o tema Personagens da Bíblia. Além disso, escrevia e traduzia livros e também artigos para o Mensageiro da Paz. Aliás, o MP da 1ª quinzena de setembro de 1938, página 4, publica um artigo traduzido por ele, intitulado "A Destruição da Cidade de São Pedro".
Lagrimas e Luto
Vivendo modestamente e sacrificando o próprio conforto, Boyer investia do próprio bolso na publicação de suas obras, visando dar aos obreiros e aos crentes em geral uma boa formação bíblica e teológica. Todavia, sua esposa adoeceu e o casal voltou aos Estados Unidos, de onde no dia 14 de outubro de 1967 ela partiu para a eternidade, deixando no coração o do denodado missionário um grande pesar. Entretanto, Boyer não quis ficar em seu país e retornou ao Brasil para continuar sua missão de ensinar, traduzir e escrever livros.
O Último Adeus ao Brasil
No dia 16 de fevereiro de 1978, Boyer deixou definitivamente o Brasil. Ao sair de Pindamonhangaba, onde nos últimos anos vivera e lecionara no IBAD - Instituto Bíblico das Assembléias de Deus, a caminho do Rio de Janeiro, onde embarcaria para os Estados Unidos, o valente pioneiro, com a voz embargada e lágrimas nos olhos, despediu-se dizendo: "Adeus, Pinda". Dois meses depois, no dia 21 de abril, na casa de repouso Maranata, Springfield, Missouri, alquebrado pelo peso dos seus 85 anos, dos quais 51 foram dedicados ao Brasil, Boyer descansou das suas obras. Como Paulo, ele poderia dizer: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia..." (II Timóteo 4.7,8).
Sem dúvida alguma, o nome de Orlando Spencer Boyer poderia ser acrescentado à galeria dos heróis citados em seu livro Heróis da Fé !
O nome verdadeiro de Orlando Spencer Boyer era Orla Spencer Boyer.

Fonte: Blog Biblioteca Orlando Boyer

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL

A minúscula semente de mostarda que se transformou numa grande árvore
Por Ruth Doris Lemos

1 lbSentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780 o dedicado jornalista Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele fixar a sua atenção sobre o que estava escrevendo, pois os gritos e palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo da sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos. Quando as brigas tornaram-se acaloradas e as ameaças agressivas, Raikes julgou ser necessário ir à janela e protestar o comportamento das crianças. Todos se acalmaram por poucos minutos, mas logo voltaram às suas brigas e gritos.

Robert Raikes contemplou o quadro em sua frente; enquanto escrevia mais um editorial pedindo reforma no sistema carcerário. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os encarcerados, reabilitando-os através de estudo, cursos, aulas e algo útil enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Levantando seus olhos por um momento, começou a pensar sobre o destino das crianças de rua; pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele dos seus pais. Se continuassem dessa maneira, muitos certamente entrariam no caminho do vício, da violência e do crime.
2 lbA cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um polo industrial com grandes fábricas de têxteis. Raikes sabia que as crianças trabalhavam nas fábricas ao lado dos seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. Enquanto os pais descansavam no domingo, do trabalho árduo da semana, as crianças ficavam abandonadas nas ruas buscando seus próprios interesses. Tomavam conta das ruas e praças, brincando, brigando, perturbando o silêncio do sagrado domingo com seu barulho. Naquele tempo não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, privilégio das classes mais abastadas que podiam pagar os custos altos. Assim, as crianças pobres ficaram sem estudar; trabalhando todos os dias nas fábricas, menos aos domingos.
Raikes sentiu-se atribulado no seu espírito ao ver tantas crianças desafortunadas crescendo desta maneira; sem dúvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer?

Por um futuro melhor
3lbSentado a sua mesa, e meditando sobre esta situação, um plano nasceu na sua mente. Ele resolveu fazer algo para as crianças pobres, que pudesse mudar seu viver, e garantir-lhes um futuro melhor! Pondo ao lado seu editorial sobre reformas nas prisões, ele começou a escrever sobre as crianças pobres que trabalhavam nas fábricas, sem oportunidade para estudar e se preparar para uma vida melhor. Quanto mais ele escrevia, mais sentia-se empolgado com seu plano de ajudar as crianças. Ele resolveu neste primeiro editorial somente chamar atenção à condição deplorável dos pequeninos, e no próximo ele apresentaria uma solução que estava tomando forma na sua mente.
Quando leram seu editorial, houve alguns que sentiram pena das crianças, outros que acharam que o jornal deveria se preocupar com assuntos mais importantes do que crianças, sobretudo, filhos dos operários pobres! Mas Robert Raikes tinha um sonho e este estava enchendo seu coração e seus pensamentos cada vez mais! No editorial seguinte, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática, e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo, através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudar-lhes neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois um sacerdote anglicano indicou professoras da sua paróquia para o trabalho.
O entusiasmo das crianças era comovente e contagiante. Algumas não aceitaram trocar a sua liberdade de domingo, por ficar sentadas na sala de aula, mas eventualmente todos estavam aprendendo a ler, escrever e fazer as somas de aritmética. As histórias e lições bíblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currículo. Em pouco tempo, as crianças aprenderam não somente da Bíblia, mas lições de moral, ética, e educação religiosa. Era uma verdadeira educação cristã.
Robert Raikes, este grande homem de visão humanitária, não somente fazia campanhas através de seu jornal para angariar doações de material escolar, mas também agasalhos, roupas, sapatos para as crianças pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoço aos domingos. Ele foi visto frequentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianças de rua que morreriam de frio se ninguém cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, até encontrar um lar para elas.
As crianças se reuniam nas praças, ruas e em casas particulares. Robert Raikes pagava um pequeno salário às professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu próprio bolso. Havia, também, algumas pessoas altruístas da cidade, que contribuíam para este nobre esforço.

Movimento mundial
4lbNo começo Raikes encontrou resistência ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava - os líderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado e profanando as suas igrejas com as crianças ainda não comportadas. Havia nestas alturas algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bíblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianças e jovens da cidade. Grandes homens da igreja, tais como João Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bíblia.
As classes bíblicas começaram a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o país. Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, já havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados.
A primeira Associação da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a União das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse começado em 1780, a organização da Escola Dominical em caráter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 é celebrada a data de fundação da Escola Dominical. Entre as igrejas protestantes, a Metodista se destaca como a pioneira da obra de educação religiosa. Em grande parte, esta visão se deve ao seu dinâmico fundador João Wesley, que viu o potencial espiritual da Escola Dominical e logo a incorporou ao grande movimento sob sua liderança.
A Escola Bíblica Dominical surgiu no Brasil em 1855, em Petrópolis (RJ). O jovem casal de missionários escoceses, Robert e Sarah Kalley, chegou ao Brasil naquele ano e logo instalou uma escola para ensinar a Bíblia para as crianças e jovens daquela região. A primeira aula foi realizada no domingo, 19 de agosto de 1855. Somente cinco participaram, mas Sarah, contente com “pequenos começos”, contou a história de Jonas, mais com gestos,do que palavras, porque estava só começando a aprender o português. Ela viu tantas crianças pelas ruas que seu coração almejava ganhá-las para Jesus. A semente do Evangelho foi plantada em solo fértil.
Com o passar do tempo, aumentou tanto o número de pessoas estudando a Bíblia, que o missionário Kalley iniciou aulas para jovens e adultos. Vendo o crescimento, os Kalleys resolveram mudar para o Rio de Janeiro, para dar uma continuidade melhor ao trabalho e aumentar o alcance do mesmo. Este humilde começo de aulas bíblicas dominicais deu início à Igreja Evangélica Congregacional no Brasil.
No mundo há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres e analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo.
Ruth Dorris Lemos é missionária norte-americana em atividade no Brasil, jornalista, professora de Teologia e uma das fundadoras do Instituto Bíblico da Assembleia de Deus (IBAD), em Pindamonhangaba (SP)

A CPAD e a Escola Dominical

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A CPAD tem uma trajetória marcante na Escola Dominical das igrejas brasileiras. As primeiras revistas começaram a ser publicadas em forma de suplemento do primeiro periódico das Assembleias de Deus – jornal Boa Semente, que circulou em Belém, Pará, no início da década de 20. O suplemento era denominado Estudos Dominicais, escritos pelo missionário Samuel Nystrom, pastor sueco de vasta cultura bíblica e secular, e com lições da Escola Dominical em forma de esboços, para três meses. Em 1930, na primeira convenção geral das Assembleias de Deus realizada em Natal (RN) deu-se a fusão do jornal Boa Semente com um outro similar que era publicado pela igreja do Rio de Janeiro, O Som Alegre, originando o MENSAGEIRO DA PAZ. Nessa ocasião (1930) foi lançada no Rio de Janeiro a revista Lições Bíblicas para as Escolas Dominicais. Seu primeiro comentador e editor foi o missionário Samuel Nystrom e depois o missionário Nils Kastberg.
Nos seus primeiros tempos a revista Lições Bíblicas era trimestral e depois passou a ser semestral. As razões disso não eram apenas os parcos recursos financeiros, mas principalmente a morosidade e a escassez de transporte de cargas, que naquele tempo era todo marítimo e somente costeiro; ao longo do litoral. A revista levava muito tempo para alcançar os pontos distantes do país. Com a melhora dos transportes a revista passou a ser trimestral.
Na década de 50 o avanço da CPAD foi considerável. A revista Lições Bíblicas passou a ter como comentadores homens de Deus como Eurico Bergstén, N. Lawrence Olson, João de Oliveira, José Menezes e Orlando Boyer. Seus ensinos seguros e conservadores, extraídos da Bíblia, forjaram toda uma geração de novos crentes. Disso resultou também uma grande colheita de obreiros para a seara do Mestre.
Evelyn
As primeiras revistas para as crianças só vieram a surgir na década de 40, na gestão do jornalista e escritor Emílio Conde, como editor e redator da CPAD. A revista, escrita pelas professoras Nair Soares e Cacilda de Brito, era o primeiro esforço da CPAD para melhor alcançar a população infantil das nossas igrejas. Tempos depois, o grande entusiasta e promotor 
Usava-se o texto bíblico e o comentário das Lições Bíblicas (jovens e adultos) para todas as idades. Muitos pastores, professores e alunos da Escola Dominical reclamavam das dificuldades insuperáveis de ensinar assuntos sumamente difíceis, impróprios e até inconvenientes para os pequeninos.da Escola Dominical entre nós, pastor José Pimentel de Carvalho, criou e lançou pela CPAD uma nova revista infantil, a Minha Revistinha , que por falta de apoio, de recursos, de pessoal, e de máquinas apropriadas, teve vida efêmera.
7lbNa década de 70 acentuava-se mais e mais a necessidade de novas revistas para a Escola Dominical, graduadas conforme as diversas faixas de idade de seus alunos. Isto acontecia, principalmente, à medida que o CAPED (Curso de Aperfeiçoamento de Professores da Escola Dominical), lançado pela CPAD em 1974, percorria o Brasil.
Foi assim que, também em 1974, com a criação do Departamento de Escola Dominical (atual Setor de Educação Cristã), começa-se a planejar e elaborar os diversos currículos bíblicos para todas as faixas etárias, bem como suas respectivas revistas para aluno e professor, e também os recursos visuais para as idades mais baixas.

8lbO plano delineado em 1974 e lançado na gestão do pastor Antônio Gilberto, no Departamento de Escola Dominical, foi reformulado e relançado em 1994 na gestão do irmão Ronaldo Rodrigues, Diretor Executivo da CPAD, de fato, só foi consumado em 1994, depois que todo o currículo sofreu redirecionamento tendo sido criadas novas revistas como as da faixa dos 15 a 17 anos e as do Discipulado para novos convertidos, desenhados novos visuais, aumentado a quantidade de páginas das revistas de alunos e mestres e criado novo padrão gráfico-visual de capas e embalagem dos visuais.
Após duas edições das revistas e currículos (1994 a 1996 e 1997 a 1999), a CPAD apresentou em 2000, uma nova edição com grandes novidades nas áreas pedagógicas, gráficas e visuais.
8lbbDepois desse período, em 2007, a Editora lançou um novo currículo fundamentado nas concepções e pressupostos da Didática, Pedagogia e Psicologia Educacional. Após sete anos, a CPAD, sempre em fase de crescimento, inova mais uma vez. Em comemoração pelos 75 anos de existência, a Casa lança mais uma nova edição para a Escola Dominical que já começará a ser utilizada no primeiro trimestre de 2015. A novidade promete surpreender até mesmo que ainda não conhece o projeto. Antes, o currículo que era dividido em dois segmentos: infanto-juvenil e adultos, agora ganha mais um material exclusivo para o público jovem (a partir dos 18 anos).


   

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Os primeiros passos da Assembleia de Deus no Brasil

Em novembro de 1910, os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, batizados no Espírito Santo, chegaram a Belém do Pará


Em 19 de novembro de 1910, os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, batizados no Espírito Santo, chegaram a Belém do Pará, procedentes dos Estados Unidos da América.  Ao crer na doutrina pentecostal pregada pelos dois missionários, em 2 de junho de 1911,  na Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque, membro da Igreja Batista de Belém, enquanto orava, foi batizada no Espírito Santo. 

O fato teve repercussão imediata na Igreja Batista. Havia aqueles que aceitavam o batismo no Espírito Santo e aqueles que eram contrários à nova doutrina. Em 13 de junho, numa terça-feira, foram excluídos 13 membros da igreja: José Plácido da Costa, que ocupara o cargo de moderador da igreja até aquela sessão; Manuel Maria Rodrigues, ex-secretário; José Batista de Carvalho, ex-tesoureiro; Antonio Mendes Garcia, todos estes diáconos; Lourenço Domingos; João Domingos; Maria dos Prazeres Costa; Maria Pinto de Carvalho; Alberta Ribeiro Garcia; Manuel Rodrigues Dias; Jerusa Rodrigues. O secretário da igreja depois de anotar esses nomes, deixou para o fim os nomes de Celina Cardoso de Albuquerque e Maria de Jesus Nazaré, que, ao mencioná-los, fez chamando-as de “as profetisas”, e os de Gunnar Vingren e Daniel Berg.

Sob a liderança dos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, os crentes batistas que aceitavam a doutrina pentecostal foram convocados a comparecer à casa onde se instalava a congregação batista na Cidade Velha, à Rua Siqueira Mendes nº1-A, residência da irmã Celina Albuquerque, para se reunir no dia 18 de junho de 1911, num domingo. Presentes estiveram onze irmãos excluídos no dia 13 daquele mês, da Igreja Batista, tendo faltado os irmãos Lourenço Domingos e Alberta Ribeiro Garcia. Compareceram, porém, três membros da igreja que não estavam excluídos, que foram Henrique Albuquerque, esposo de Celina; Maria Piedade da Costa, esposa de Plácido e Emília Dias. Além destes, foram arrolados mais quatro irmãos da referida congregação, cujos nomes são os seguintes: Joaquim Silva, Tereza Silva de Jesus, Izabel Silva e Benvinda Silva, todos de uma mesma família. Os três que ainda eram membros da Igreja Batista só foram excluídos no dia 12 de julho depois de que a mesma tomou conhecimento da posição assumida por eles. Quanto aos quatro congregados, não cabia a igreja discipliná-los porque não eram membros da igreja. Ao todo eram 18 pessoas para o início da Missão da Fé Apostólica, que mais tarde passou a se chamar Assembléia de Deus.

I – Começa a Missão da Fé Apostólica
A partir de 18 de junho de 1911, as igrejas pentecostais que iam sendo iniciadas no Pará, começando pela que se reunia na casa de Henrique e Celina Albuquerque, à Rua Siqueira Mendes 67, Cidade Velha, em Belém, passaram a ser chamadas pelo nome Missão da Fé Apóstolica.

Em 25 de outubro de 1914, chegaram a Belém do Pará os suecos Otto e Adina Nelson, procedentes dos Estados Unidos, para se juntarem a Vingren e Berg.

Em 8 de novembro de 1914, a igreja, que se reunia na Av. São Jerônimo, 224, seu segundo, endereço depois da casa de Celina Albuquerque (nesta casa se reuniram por mais ou menos três meses) se mudou para a Travessa 9 de janeiro, 75.

Em 18 de agosto de 1916, chegaram a Belém os suecos Samuel e Lina Nyström, os primeiros missionários oficialmente enviados pela Igreja Filadélfia de Estocolmo.

Em 3 de julho de 1917, Frida Vingren chegou a Belém, como missionária também enviada pela Igreja Filadélfia de Estocolmo. 

II – Registrada a primeira “Assembleia de Deus”
Em 11 de janeiro de 1918, Gunnar Vingren registrou o Estatuto da Igreja no Cartório de Registro de Títulos e Documentos do 1º ofício, em Belém, no Livro A, Nº 2, de Registro Civil de Pessoas Jurídicas e outros papéis, número de ordem 131.448, sob o nome “Estatuto da Sociedade Evangélica Assembléa de Deus”, número de ordem 21.320, do Protocolo Nº 2. 

Os extratos do Estatuto foram publicados no Diário Oficial do Estado do Pará, sob nº 766524. 

Com esse registro, a igreja começou a existir legalmente como pessoa jurídica adequando-se aos Artigos 16 e 18 do primeiro Código Civil Brasileiro que acabara de entrar em vigor em 1º de janeiro de 1917.

III – Primórdios no Pará

Os primeiros lugares no Pará que receberam a mensagem pentecostal foram: Soure e Mosqueiro, na Ilha de Marajó (Daniel Berg, 1911); Bragança (Daniel Berg, 1912); Xarapucu e Catipuru (Daniel Berg, 1913); Estrada de Ferro Belém-Bragança, Igarapé-Assu, Benevides, Capanema, Timboteua, Peixe-Boi e Bragança (Clímaco Bueno Aza, 1913); Ilha Caviana (Daniel Berg, 1914); Afuá, Ilha de Marajó (Gunnar Vingren e Daniel Berg, 1914); São Luís do Pará (1915); Assaisal (Bonito) (Joaquim Amaro do Nascimento, Francisco Santos Carneiro e João Paraense, 1919); e vários outros lugares foram sendo visitados pelos primeiros missionários e crentes da AD de Belém.

IV – Primórdios fora do Pará

Os primeiros lugares fora do Pará que receberam a mensagem pentecostal foram: Uruburetama, CE (Maria de Nazaré, 1914); Maceió, AL (Gunnar Vingren, 1914; Otto Nelson, 1914); Campina Grande, PB (Manoel Francisco Dubu, 1914; Felipe Nery Fernandes, 1922); Roraima (Cordulino Teixeira Bastos, 1915); Manaus, AM (Severino Moreno de Araújo, 1917); Macapá, AP (Clímaco Bueno Aza, 1916); Recife (Adriano Nobre, 1916); Natal, RN (Pregadores de nomes desconhecidos e Adriano Nobre, 1918); João Pessoa, PB (Francisco Félix e esposa, 1920); Rio de Janeiro, RJ (Gunnar Vingren, 1920, 1923; alguns crentes do Pará, 1923); Santos, SP (Gunnar Vingren, 1920; crentes de Pernambuco,1923; Daniel Berg, 1924); Tubarão, SC (Gunnar Vingren, 1920); Criciúma, SC (Gunnar Vingren, 1920); Itajaí, SC (Gunnar Vingren, 1920); São Paulo, SP (Gunnar Vingren, 1920, 1923; Daniel Berg, 1927); São Bernardo, SP (Gunnar Vingren, 1920); São Luís, MA (Clímaco Bueno Aza, 1921); Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, noroeste de Mato Grosso (Paul John Aenis, 1922; Elói Bispo de Sena, 1923); Porto Velho (RO) (Paul John  Aenis, 1922); Vitória, ES (Galdino Sobrinho e esposa, Daniel Berg, 1922); Fortaleza, CE (Antonio Rêgo Barros, 1922); Niterói, RJ (Heráclito de Menezes, 1923); Porto Alegre, RS (Gustav Nordlund, 1924);  Canavieiras, BA (Joaquina de Souza Carvalho, 1926); Belo Horizonte, MG (Clímaco Bueno Aza, 1927); Aracaju, SE (Sargento Ormínio, 1927); Teresina, PI (Raimundo Prudente de Almeida, 1927) e Curitiba, PR (Bruno Skolimowski, 1928); Itajaí, SC (André Bernardino da Silva, 1931); Cruzeiro do Sul, AC (Manoel Pirabas, 1932); Goiânia, GO (Um grupo de crentes da AD de Madureira, RJ, deu início à AD de Goiânia em 1936 e Antônio Moreira, então diácono da AD de Madureira, foi enviado por Paulo Leivas Macalão para fundar a igreja.); Cuiabá, MT (Eduardo Pablo Joerck, 1936); Rio Branco, AC (Luís Firmino Câmara, 1943); e Campo Grande, MS (Juvenal Roque de Andrade, 1944).

V – Começa a imprensa pentecostal


As primeiras publicações da AD, que antecederam o jornal Mensageiro da Paz, foram o jornal “Voz da Verdade” (1917 a 1918), por Almeida Sobrinho e João Trigueiro da Silva; o jornal “Boa Semente” (1919 a 1930), por Gunnar Vingren e Samuel Nyström; e o jornal “O Som Alegre” (1929 a 1930), por Gunnar Vingren.

VI – Primeiros hinários
Também em 1917, a AD de Belém (PA) imprimiu o seu primeiro hinário que ficou pronto no dia 6 de outubro e continha 194 hinos e cânticos. Em 1922, era publicada no Recife a primeira edição da Harpa Cristã, que passou a ser o hinário oficial das Assembléias de Deus.

Fonte: Mensageiro da Paz

domingo, 3 de setembro de 2017

As manifestações do Espírito Santo

As manifestações do Espírito Santo


3º TRIMESTRE 2017
A RAZÃO DA NOSSA FÉ
Assim cremos, assim vivemos
COMENTARISTA: Ezequias Soares
LIÇÃO 10 – AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO – (At 2.1-6; 1 Co 12.1-7)
 INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, trataremos de uma importante doutrina “o Batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais”. Esclareceremos, a princípio, o que não é o batismo com o Espírito Santo; veremos como a Bíblia classifica essa importante dádiva espiritual; e, por fim abordaremos qual o sinal físico inicial que evidencia o recebimento do poder do alto.
I – O QUE NÃO É O BATISMO COM O ESPÍRITO
  •  O batismo pelo Espírito. Embora a Bíblia chame de “batismo” tanto a inserção do crente no corpo de Cristo (1 Co 12.13), quanto o revestimento de poder (At 1.5), existem diferenças claras entre ambas as experiências, evidenciando que são ministrações distintas uma da outra. “No batismo pelo Espírito Santo, o batizador é o Espírito de Deus (1 Co 12.13); o batizando é o novo convertido; e o elemento em que o recém-convertido é imerso, a Igreja, como corpo místico de Cristo (1 Co 12.27; Ef 1.22, 23). Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na Igreja (Mt 16.18)” (GILBERTO, 2008, p. 187).
  • Não é o selo. O selo, a que se refere o NT, não é o batismo com o Espírito Santo, mas a habitação do Espírito no crente, como prova de que o mesmo é propriedade particular de Deus (Ef 1.13,14; 4.30). Embora algumas vezes o batismo com o Espírito Santo seja chamado apenas de “Espírito Santo” (At 8.15,17-19; 10.44,47; 11.15; 19.2), não podemos confundir a habitação do Espírito que se dá na regeneração; com o revestimento do Espírito que se dá após a regeneração com a evidência física inicial do falar em línguas. O Espírito Santo veio para habitar (Jo 14.17), encher (At 13.52; Ef 5.18); e, batizar os crentes (At 2.38). Como podemos ver, estas três atuações são distintas uma da outra. Portanto, todo crente salvo tem o Espírito Santo (Rm 5.5; 8.9; 1 Co 6.19; 2 Tm 1.14).
  • Não é uma língua aprendida. Alguns estudiosos defendem que as línguas prometidas por Jesus como sinais para os que creem seriam línguas humanas naturais ou idiomas, tais como o grego, latim que os apóstolos aprenderiam. Tal opinião é descabida, pois que, todos os sinais descritos em Marcos 16.17 são sobrenaturais. Até porque a palavra “sinal” usada no referido texto refere-se a atos milagrosos, e todos nós sabemos que não há nada milagroso em estudar um idioma e falá-lo, mas, sim, falar algum idioma sem nunca ter aprendido, como aconteceu no Dia de Pentecostes, evidenciando a sobrenaturalidade desta manifestação (At 2.7,12).
  • Não é a regeneração. A regeneração diz respeito há uma mudança no interior do pecador (Ez 36.26; Jo 3.5,6; Tt 3.5; 1 Jo 5.18); já o batismo com o Espírito Santo há um revestimento para capacitação (Lc 24.49). A Bíblia deixa claro que   os discípulos já eram regenerados quando foram batizados com o Espírito Santo (Jo 10; 15.3; 17.12). Portanto, a regeneração não é o batismo com o Espírito Santo; este deve seguir-se à regeneração (At 2.38,39; 19.1-6).
II – O QUE É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
  •  Uma promessa divina. No AT os profetas anunciaram que Deus daria esta bênção ao Seu povo (Pv 1.23; Is 44.3; Jl 2.28). No NT, João Batista disse que batizava com água, mas o Messias batizaria com o Espírito Santo (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16). Jesus, antes de ascender aos céus, anunciou de que esta promessa do Pai viria sobre os seus seguidores (Lc 49; At 1.4). No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre os discípulos, eles começaram a falar em línguas, as pessoas se espantaram, e ao mesmo tempo acusaram os servos do Senhor de embriaguez (At 2.7,12,13). Pedro os respondeu mostrando que aquela manifestação era o cumprimento de uma promessa bíblica (At 2.16-21; Jl 2.28,29). Paulo fez semelhante declaração (1 Co 14.21). Joel anunciou que tal promessa se estende a todo povo: “toda carne”, independente do sexo: “filhos e filhas”; faixa etária: “jovens e velhos”; e, status social: “servos e servos” (Jl 2.28).
  • Um revestimento de Poder. Em uma das vezes que Jesus fez alusão ao batismo com o Espírito Santo o chamou de revestimento de poder (Lc 24.49). Tal capacitação viria sobre os seus discípulos a fim de que executassem a tarefa de evangelização dos povos (At 1.8). Portanto, esse “revestimento” tem como finalidade conceder poder para o serviço, resultando em uma expressão externa de caráter sobrenatural” (PEARLMAN, 2006, p. 311).
  • Um dom do Espírito. O apóstolo Pedro diz que o batismo com o Espírito Santo é um dom (At 2.38; 10.45). A palavra “dom” no grego “charisma”, é usada para indicar os dons do Espírito conferidos para a obra (1 Co 12.4,9,28,30,31). “Dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja” (SOARES, 2017, p. 121).
  • Uma experiência válida para a era da igreja. Embora haja quem advogue que os dons espirituais ficaram restritos ao período apostólico o texto bíblico atesta claramente que tanto o batismo com o Espírito Santo como os demais dons são válidos para toda a era da igreja. O apóstolo Pedro afirmou: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.38). Asseverar que os dons só eram necessários enquanto o Cânon não estava fechado é um grave erro, por pelo menos dois motivos: (a) os dons não visam substituir a autoridade e supremacia das Escrituras, visto que seu uso deve estar subordinado ao crivo da Palavra (1 Co 14.37); (b) o texto usado pelos cessacionistas para justificar a “descontinuidade” das manifestações do Espírito (1 Co 13.10), na verdade, não tem este sentido, senão que Paulo está dizendo que os dons só terão utilidade até o retorno de Cristo, afinal de contas, quando formos ao céu teremos deixado o conhecimento imperfeito, pelo conhecimento perfeito. O testemunho bíblico e histórico, confirma que os dons espirituais são vigentes para todo o período da Igreja.
  • Uma porta que dá acesso aos demais dons espirituais. É bom destacar que o batismo com o Espírito Santo é a porta por meio da qual o crente tem acesso aos demais dons listados por Paulo em 1 Coríntios 12.1-8. Isto podemos afirmar pelos seguintes motivos: (a) “dispensação do Espírito” teve o seu início em Atos 2, quando o Espírito desceu sobre a igreja para ficar com ela como havia sido prometido (Jo 15.26; 16.13); (b) a primeira manifestação do Espírito na Sua vinda sobre a igreja foi com o batismo com o Espírito Santo (At 2.1-4); (c) o livro de Atos nos mostra que os servos de Deus só foram usados nos outros dons a partir do momento em que foram batizados (At 3.6-8; 5.1-16; 6.8; 8.5-7; 9.40,41; 14.10; 11,12). Os dons espirituais são nove e podem ser classificados da seguinte forma:
Dons de Revelação
Dons de Poder
Dons de Elocução Verbal
A Palavra da Sabedoria (1 Co 12.8-a)
O Dom da Fé (1 Co 12.9-a)
O Dom de Profecia (1 Co 12.10-b)
A Palavra da Ciência (1 Co 12.8-b)
Dons de Curar (1 Co 12.8-b)
Variedades de Línguas (1 Co 12.10-d)
Discernimento de espíritos (1 Co 12.10-c)
Operação de Maravilhas (1 Co 12.10-a)
Interpretação das Línguas (1 Co 12.10-e)
III – FALAR EM LÍNGUAS: A EVIDÊNCIA FÍSICA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
Alguns sinais manifestados no Dia de Pentecostes foram específicos para aquela ocasião (At 2.1-4). No entanto, o sinal fônico: o “falar em outras línguas” (At 2.4), foi o sinal visível audível que sempre se manifestou quando houve a manifestação do batismo com o Espírito Santo, como podemos ver nas seguintes passagens: (a) em Jerusalém: entre os judeus (At 2.1-4); (b) em Samaria: entre os samaritanos de forma implícita (At 8.17,18); e, (c) em Cesareia e Éfeso: entre os gentios (At 10.44-46; 19.1-7). Portanto, Lucas descreve a dádiva do Espírito Santo, sendo acompanhada comprovada pelo falar em línguas. A Bíblia nos mostra uma dupla forma da manifestação das línguas. Vejamos:
  • Línguas conhecidas. Os quase cento e vinte discípulos, no Dia de Pentecostes, receberam o batismo com o Espírito Santo e uma manifestação do falar em línguas conhecidas, ou seja, “línguas diferentes da sua língua materna” (At 2.8). Apesar de serem todos galileus (At 2.7), eles de forma sobrenatural começaram a falar das grandezas de Deus nos idiomas conhecidos dos judeus que tinham vindo de várias partes do mundo para a comemoração do Pentecostes em Jerusalém(At 2.5; 9-11). “O termo grego traduzido por língua em Atos 2.6 e 8 é ‘dialektos’ e refere-se à linguagem ou dialeto de um país ou região” (LOPES, 2012, p. 56 – acréscimo nosso). Além do batismo com o Espírito Santo os discípulos nessa ocasião também foram agraciados com a manifestação da xenolalía – “idiomas humanos, reais nunca antes aprendidos por aqueles que falavam” (CARSON, 2013, p. 140). Confira: (At 2.4-11).
  • Línguas desconhecidas. Paulo disse que nem sempre as línguas que se manifestam no batismo são compreensíveis (1 Co 14.2). O falar em línguas não identificáveis é chamado de glossolalía. A Bíblia mostra que existem diferenças entre as línguas faladas no Dia de Pentecostes e as que são manifestadas em outras ocasiões e em nossos dias. Esta diferença não ocorre na fonte das línguas, pois todas “são concedidas pelo Espírito Santo” (At 2.4), no entanto: “a forma” como se manifestam são distintas. Vejamos: as primeiras eram entendidas: inteligíveis (At 2.4,8); a segunda não são entendidas, senão houver interpretação: ininteligíveis (1 Co 14.2,9,14,16,23); a primeira pode ser traduzida (At 2.11); a segunda pode ser interpretada (1 Co 14.5); a primeira acontece esporadicamente (At 2.4); a segunda acontece frequentemente (At 10.44-46; 19.1-7). Sobre as línguas, a Bíblia assevera que o batizado pode: orar em línguas (1 Co 14.15-a); cantar em línguas (1 Co 15-b); falar em línguas de forma equilibrada (1 Co 14.28); e, buscar o dom de interpretação (1 Co 14.13).
CONCLUSÃO
Cremos à luz das Escrituras que o batismo com o Espírito Santo e os demais dons espirituais, foram concedidos pelo Espírito Santo, a Igreja, por ocasião do Dia de Pentecostes e estão disponíveis durante toda a sua trajetória aqui na terra. O termo “pentecostal” evoca as manifestações dos carismas “dons” do Espírito enviado à igreja.
REFERÊNCIAS
  • BRUNELLI,      Teologia    para     Pentecostais. CENTRAL GOSPEL.
  • CARSON, D.A. A manifestação do Espírito. VIDA
  • FERREIRA, Aurélio Buarque de Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
  • GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal.
  • PEARLMAN, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
  • STAMPS, Donald      Bíblia   de   Estudo Pentecostal. CPAD.